Mário Cláudio in 'Estâncias':
"...Aqui dobram os caules. De urtigas o leito sob arcadas e arcadas.
Reclinados os pastores, que escutam reclinados para um velo? Os lagos de sombra.
Os acres unguentos: luminosos.
A inocência que temos, o rosto de náufragos, de que nos serve o rosto de náufragos?
Porque nos conduzem aonde as forcas se desatam e os bichos escondem a lepra?
Só se abrem docas e docas, as letras de alcatrão.
Exaustos. Enquanto dançam as putas e os vadios, e os ossos nos estalam no salitre da cela.
A morte oxidou os sinais que marcámos. Os cães, os cães vão ganir na baba da noite: perdidamente.
É a partilha do fel, amor.
Nenhuma foice erguida, nenhum canto: jornais, lenços velhos, pó de feno. Os versos supurados.
Mas um fósforo se alumia, março regressa ao nosso lençol, a tarde seguinte.
Soletremos sempre a palavra azul. Apegados à terra. Até que floresçam as amendoeiras."
Enquanto enxugamos uma lágrima perante esta poesia, outros assuntos - Um colega na agência resolveu que o nome Cipriano é complicado de dizer. Por isso todas os dias arranja uma nova alcunha.
A de hoje foi Cimbalino.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
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