E pronto, é outra vez Agosto.
Faz-me ficar nostálgico, e lembrar-me como antigamente por esta altura era eu o único que não tinha férias.
Isto significava que de manhã ia para o trabalho a dormir numa carruagem quase vazia. Nesses dias, dormir no comboio sabe ainda melhor.
Claro que nem sempre me deixam...
Uma vez foi aquele tipo que costuma andar na linha de Cascais, que fala sozinho e que todos dizem que é maluco. Se ele é não sei, o que eu sei é que uma vez estava a ferrar descansadinho no meu canto, ele passou, espetou-me uma grande palmadona no lombo, e disse «Toca a acordar, quer dormir dorme em casa!!». Depois continuou o seu caminho.
Claro que também houve o adorável rapaz de uns 6 anos que se sentou ao meu lado. Ele estranhou o facto de eu estar com a cabeça encostada e de olhos fechados e começou «Senhor... ó senhor...». Eu nada. Ele então aumentou o tom de voz «Olhe! Está a dormir? Olheee!». Eu quieto. Ele achou que eu estava a ser teimoso e começou a tentar acordar-me com sustos, mandava-me uns "Bu!" repentinos. Eu na minha. Pela altura em que ele já estava a mandar gritos aos meus ouvidos, a mãe esboçou um protesto tímido para ele estar quieto. Mas só quando ele me agarrou com os dois braços e me começou a abanar com toda a força, é que a mãe finalmente pegou nele e o mudou de sítio. Eu continuei sem me mexer, não vi se o puto ficou muito lixado.
Hoje, a história mantém-se. Já não ando de comboio, mas estou a trabalhar e não vão haver férias nos próximos tempos. E se adormeço à secretária, chovem logo as palmadonas e os abanões. Sem me chamarem "senhor".
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
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